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sábado, 19 de março de 2011

Reflexão para hoje

Olá bom dia na graça e na paz de Cristo: Como está esta manhã de sabado? que bom que você está bem. a nossa reflexão de hoje é um artigo de autoria do meu amigo Pastor Sandro Eugênio lá da igreja Batista Cristã no bairro das quintas em Natal a quem mando um forte abraço.

O Evangelho diante da Crítica
Autor: Pr. Sandro Eugênio
Este artigo se propõe a refletir através de um pensamento teológico e ético às duras críticas que têm sido feitas ao ensino e propagação do Evangelho.

É importante que se perceba que os evangélicos aqui no Brasil se caracterizam por duas coisas significativas: O Estudo e a proclamação da Bíblia. Isto é, a pregação da Palavra de Deus e o Ensino da mensagem Bíblica, pois esta prática deve fundamentar a verdade de todos os fiéis. Só que percebemos que a Igreja Evangélica em si tem sido duramente criticada por vários segmentos da nossa sociedade e muitas vezes com razão, pois os Movimentos Neo-Pentescostais tem invadido quase todas as avenidas, cinemas antigos do nosso Brasil com uma mensagem que realmente não tem nada haver com a sublimidade da mensagem simples, profunda e gratuita que é o cerne do Evangelho Segundo Jesus Cristo.

Entendemos que esta busca é muitas vezes produzida pelo desespero das pessoas diante do quadro social brasileiro ser tão dramático, pois a realidade nacional é lastimável e tem empurrado pessoas para estas Igrejas proclamadoras da cura instantânea, do milagre imediato, de uma barganha financeira vergonhosa que certamente descaracteriza a essência real do Cristianismo puro e simples.

O questionamento dos que tem criticado o conteúdo do Evangelho, as suas verdades e implicações, devem levar os evangélicos a uma reflexão seria, mas não extremada nem muito menos destrutiva, mas algo que venha a ser construtivo para todos os segmentos da nossa sociedade, promovendo assim uma visão equilibrada e saudável da mensagem em nome de Cristo.

Mas precisamos também refletir na pluralidade das experiências religiosas no Brasil. São muitas Igrejas, existe um sincretismo religioso assustador, é difícil entender quem é quem, e o nosso desafio é compreender as manifestações que podem ser consideradas como um fato social existente na nossa Nação gerado pela falta de uma estrutura de saúde justa, por uma economia massacrante que sufoca as pessoas e que as leva para esta busca do divino como solução hoje para as suas dores, e sendo assim estas pessoas diante do seu desespero correm em busca do milagreiro de plantão do momento causando tanta indignação da sociedade em geral com toda a razão.

Interessante é que no senso comum Deus é aquele que ajuda, abençoa, ilumina, acompanha e protege e sendo assim Deus é um objeto de petições e desejos capaz dos impossíveis. É um Deus prático. Mas nem sempre a sua vontade coincide com a do fiel, que deve aceitar, sem reclamar, o que lhe acontece. Muitas vezes acontecimentos desagradáveis são interpretados como castigo de Deus, que é capaz de perdoar e curar, dependendo do cumprimento de deveres e obrigações.

É muito pertinente a observação de Sérgio B. de Holanda, Raízes do Brasil que diz: “A compreensão da relação com Deus é direta, não necessita de intermediários, daí o próprio clero ser dispensável. Deus é amigo, é próximo. Surge com isso a aversão ao rito e um apego ao culto sem obrigações nem rigor, intimista e familiar. A visão de Sérgio B. de Holanda é na verdade um ponto real e equilibrado do que é o Evangelho. Pois o Evangelho é vida entregue por amor, desejo de servir com gratidão pela pessoa que Deus é “amigo e próximo” e não um discurso ideológico como é citado que o protestantismo está ligado ao impacto ideológico, cultural, econômico e político, que se inicia no século XIX e se mantém até o presente. O protestantismo ingressou em nosso mundo latino americano como apanágio religioso da democracia liberal e a livre empresa capitalista, o “aroma religioso” do mundo burguês.

Pensemos ainda que na visão de Rubéns Alves, quando ele se refere ao Brasil, ele condena o “Protestantismo da Reta Doutrina”, que ele caracteriza como um tipo de fé exclusivista individualista, cuja única preocupação é uma lista de vícios pessoais ( mentira, fumar, sexo, ingerir álcool ) fundamentada em princípios eternos e absolutos. Para Rubéns Alves, a obsessão pela verdade e a intolerância dos protestantes conservadores em relação a outros grupos não oferece saída do status quo injusto.

Pensando sobre esta realidade instituída no Brasil e fruto de tantos pensamentos e questionamentos, vamos refletir um pouco sobre o penúltimo livro de Emile Durkheim As formas elementares da vida religiosa pois ele percebe a religião como um sistema e ele estabelece uma relação de crença e rito. Ele cita “que o aspecto característico do fenômeno religioso é o fato de que ele pressupõe uma divisão bipartida do universo conhecido em dois gêneros que compreende tudo o que existe que os interditos protegem e isolam; as coisas profanas aquelas as quais os interditos se aplicam e que devem permanecer à distancia das primeiras” (DURKHEIM,1912,29).

Para Mirela Berger, “existe uma necessidade de se estudar a religião mais simples e primitiva que se conheça atualmente. Durkheim dirá que isso é necessário para se compreender a essência da religião. A idéia é que nas religiões mais avançadas como, por exemplo, o Cristianismo, a religião aparece como um amálgama de crenças e ritos muitas vezes emprestados de diversas religiões, tornando desta forma muito difícil a apreensão do que é característico da religião”.

Outro gigante do pensamento clássico sobre a Religião é Max Weber que em sua análise sobre a relação protestantismo-modernidade, weber concluiu: quando o asceticismo saiu dos mosteiros e foi levado para a vida profissional, passando a influenciar a moralidade secular, contribuiu “poderosamente para a formação da moderna ordem econômica e técnica” este protestantismo ascético remodelou o mundo e os bens materiais, que eram o seu fim, assumiram força sobre os homens. Para Weber, porém, com o triunfo do capitalismo, o espírito religioso “safou-se da prisão”, e o capitalismo, vencedor, não careceria mais dele.

Isso pode ser observado nos países protestantes, onde a procura da riqueza está despida da religião e cada vez mais associada com “paixões puramente mundanas”. O pensador termina afirmando: “Ninguém sabe ainda a quem caberá no futuro viver nessa prisão”.

Comparando os pensadores Emile Durkheim e Max Weber, poderemos perceber que ambos desenvolvem pensamentos distintos sobre Religião. Durkheim, pela sua forma mais metodológica, ele percebe a força dos ritos para continuação e sobrevivência das crenças, ele apresenta o ritual, a cerimônia que seria o “amálgama” para que se tome forma a religiosidade do indivíduo. Em contra partida Max Weber direciona a sua atenção para o fato de que a hipocrisia eclesiástica, a religiosidade sem comprometimento levaria as pessoas a se liberarem do seu interior para uma pratica pautada no ter e não no ser que é o cerne da vida religiosa. Ambos os pensadores devem ser observados e estudados com total respeito e reconhecimento, pois quase de forma profética viram o que se tornou o Evangelho, algo que parece que tem que ser comprado ou experimentado diante de alguma forma exclusiva de algum apóstolo de plantão.

O que fazer diante destas coisas? Diante de tantas promessas que escravizam, de tantos ritos que nem o próprio Jesus fez ou solicitou para que fizessem. Diante da troca vergonhosa de dinheiro, terrenos doados para manutenção na verdade de empresas que não tem nada a ver com o espírito do Evangelho. O que fazer diante de uma realidade imediatista fruto também de uma sociedade imediatista, onde tudo queremos de imediato, onde ninguém mais para escrever uma carta, somos a geração do MSN, das mensagens curtas e muitas vezes sem sentido para aqueles que não estão familiarizados com a tal linguagem. Interessante é que o mundo indicado por Weber, que está sendo vivido hoje, demonstra, por meio da cultura evangélica, que o protestantismo é que está preso ao espírito do capitalismo. Quando os evangélicos brasileiros inserem nas suas praticas religiosas aspectos profanos, integrantes da modernidade, e estes passam a produzir sentido e forma de viver a fé e relacionar-se com o sagrado, revelam como esta nova ascese protestante evangélica se revela uma homologia do sistema socioeconômico em curso.

Precisamos romper com esta graça barata, cheia de ofertas e exigências, que muitas vezes estão distantes do trono e dos princípios fundamentais e voltar o nosso olhar para a simplicidade do Evangelho de Jesus que nunca, pois grilhões nas pessoas nem muito menos ritos para obtenção da eternidade. Jesus pelo contrário, aliviava ao aflito, alimentava o faminto e dava esperança aquele que já tinham perdido toda força e dignidade na vida. Ele realmente abraçou aqueles que ninguém queria chegar perto, foi amigo de pecadores, leprosos, meretrizes, rompendo com todo dogma e preconceito etnocêntrico que vivia a nação de Israel em seu tempo. Esta é a essência real do Evangelho que dá significado e que infelizmente se descaracterizou pelo engano e por pessoas inescrupulosas, os demagogos de plantão que sufocam e coagem na força e que por pau e pedra querem legitimar o seu poder com manifestações sobrenaturais para continuar escravizando os seus fiéis para continuar explorando a fé de gente boa para simplesmente continuarem com seus jatinhos de luxo, suas mansões e viagens a Europa em nome da fé, promovendo assim tantas críticas contraria e justa.

Tenha um bom final de semana.

em Cristo
Pr. Zezito

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